Desafiando a inércia com patentes “made in global”.

A palavra que mais se escuta hoje é inovação. Ela abrange todos os setores, pessoas e negócios, aliás, os revoluciona. Mas na grande maioria das vezes, surge de um redesenho de processo, de um método ou simplesmente é singular, nova, um invento.

Em todos estes cenários, a criação precisa ser estruturada detalhadamente e comprovar que nasceu para resolver um problema (ou vários) e gerar riqueza abrindo mercados. Neste contexto, antes de um go-to-market, compartilhar com os órgãos competentes para garantir a originalidade da conquista se torna uma ação inadiável.

É neste momento que surge a patente que é um direito temporário sobre a propriedade intelectual, e que mediante o acesso, análise e constatação do conteúdo técnico, fornece ao autor, seja ele uma pessoa física ou jurídica, o impedimento de outrem a produzi-la, tendo que solicitar este processo em seu próprio país e/ou internacionalmente, quando o objetivo final são as vendas ou a difusão do conhecimento.

Desta forma, e para esclarecer, compreenda que patente é uma concessão, que protege a invenção. Marca é um registro, promovendo a distinção escrita ou visual entre produtos e serviços (exemplificando, leia o embate da Gradiente e Apple com o nome Iphone), assim, são itens diferentes.

Conhecimento é poder.

Francis Bacon (1561 – 1626)

Francis estava no ápice da sua lucidez quando disse esta frase, pois se descoberta é encorajar ideias e desenvolver gente a fazer coisas que antes pareciam impossíveis, logo, também germina novos setores e negócios.

Para formalizar o resultado, existem órgãos que rastreiam e fornecem dados como a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO) da ONU, e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no Brasil. Contudo, existe uma grande variação de conceções e nesta disparidade é possível identificar que algumas nações estão quase regulando segmentos e indústrias.

Comparativo das aplicações por regiões (2011 vs. 2021). Fonte: WIPO.

Todos os pedidos de patentes dos cinco principais requisitantes (1883 a 2021). * EPO = Organização Europeia de Patentes. Fonte: WIPO.

Quem mexeu no meu queijo?

Longe do título do livro que nos educa e diverte, o tema se torna sério quando em 2021 há no mundo o total de 1.608.375 novas patentes em diversos campos concentrados em apenas seis países que somados representam 86,9%.

A China lidera o ranking e está presente em 29 das 36 esferas de inovação, e dentre elas: tecnologia de computadores, maquinário elétrico e comunicação digital.

Já os Estados Unidos, berço das Big Techs, tem menos da metade das patentes da líder, contudo está a frente em assuntos como: tecnologia para a medicina, motores e turbinas, processos básicos de comunicação e no que é chamado de “Desconhecido” na tabela acima, que são invenções que não podem ser atribuídas a um campo específico.

Encostando nele está o Japão, com a dominância em semicondutores, ótica, móveis e jogos. Seguido pela Coreia do Sul, que surge com informática, energia e medição e por fim, a Alemanha com boas oportunidades em transporte, máquinas elétricas e também em medição.

O curioso é que as solicitações podem surgir de um local com pessoas da mesma nacionalidade ou utilizando o “aluguel de cérebros” de talentos que não são residentes, e que por uma série de razões, não chancelam a criação ao seu país de origem, mas se lembrarmos da atual economia globalizada, faria muito sentido.

No estudo divulgado pela WIPO (baixe aqui) essa colaboração mental entre os pedidos e as conceções de não residentes fica bastante evidenciada nos últimos quinze anos, pois a relação entre pedidos (média de 33,5%) e conceções (média de 38,8%), são mais que um terço vindas deste grupo de inventores.

Pedidos de patentes de residentes e não residentes em todo o mundo (2007 a 2021). Fonte: WIPO.

Concessões de patentes para residentes e não residentes globalmente (2007 a 2021). Fonte: WIPO.

Os avanços brasileiros

O Brasil em patentes vem melhorando sua representatividade e em seu perfil na WIPO já está na vigésima sexta posição no ranking geral (contabilizando invenções locais e internacionais) ultrapassando a Polônia, Noruega, Arábia Saudita, África do Sul, México, Portugal, Chile, entre outros.

Porém, existe espaço de melhoria nas patentes de invenção tupiniquins que no primeiro trimestre de 2023 não chegaram a um milhar, e muito centralizadas na região Sudeste, o que promove alguns insights. Veja nos gráficos abaixo como estão os esforços e quais são os depositantes mais emergentes.

Para estatísticas em tela cheia, utilize este link na primeira visualização e este link para a segunda. Clique aqui e saiba mais sobre os serviços do INPI.

2023: Brasil – Pedidos de proteção industrial de residentes. Fonte: INPI.

2023: Brasil – Ranking de depositantes residentes. Fonte: INPI.

Aproveite e conheça o ranking dos depositantes residentes neste arquivo e após, descubra as marcas ou depositantes não residentes com grande potencial segundo o INPI, clicando aqui.

O poder está na inteligência competitiva

Apesar do empenho em diversas áreas, os setores de tecnologia e infraestrutura são os que mais demandam novidades, e para o alcance em massa com relevância o mercado americano sempre é citado como referência.

Portanto, a força de influência desta nação é um aceite de que a usabilidade e escala são praticáveis. E isso é traduzido pela compilação de nome Patent 300® (tabela a seguir) que lista as principais empresas e organizações que emitiram patentes nos Estados Unidos, amplificando sua capacidade de negócios, relação de competitividade, e sim, de poder.

Para maior profundidade um bom caminho é o Google Patents que apresenta em uma simples busca os documentos e projetos relacionados a qualquer conceção.

Patent 300® – 2023. Fonte: Harrity Analytics e IPO.